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O mundo da comunicação em constante mudança

A insustentável leveza de comunicar

29 de Setembro de 2020Filipa Franco Nogueira

Muitos foram os setores da nossa sociedade afetados pela pandemia, que ainda hoje vivemos. Entre a lista interminável está, sem dúvida, a comunicação. Mas se é verdade que muitas campanhas foram canceladas, muitos projetos concebidos não viram sequer a luz do dia, muitos eventos que fazem girar a comunicação (e o dinheiro) não se realizaram e muitos clientes suspenderam os seus serviços, também é verdade que novas necessidades de comunicar foram aparecendo. Não é por acaso que nestes seis meses (entre fim de abril e setembro) foram criadas cerca de 50 agências de comunicação, segundo os dados do SICAE. É que, mais do que nunca, faz sentido comunicar.
 
É certo que muitas empresas, presas às ideias originais das mensagens das suas campanhas, acabaram por cancelá-las. É certo também que outras empresas, depois de fazerem contas concluíram que a comunicação não era um bem essencial à sobrevivência do seu negócio. Como se fosse possível tratar a comunicação com essa leveza. Uma leveza que ela não tem, por ser tão relevante no resultado final que se quer atingir: fidelizar clientes e adquirir novos. A insustentável leveza de comunicar, que no fundo só vem mostrar que é imperativo olhar para a comunicação como um “peso pesado” imprescindível. De facto, o mindset das empresas que aligeiraram a importância da comunicação não podia estar mais desfocado.
Se já precisam de comunicar em tempos normais, essa necessidade aumenta exponencialmente numa situação de crise.
 
Os argumentos não se esgotam nos motivos que enumero em baixo, mas aqui ficam três boas frases que mostram a importância de comunicar em tempo de crise.
 
1.“Inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança”
Esta frase de Stephen Hawking é reveladora da natureza humana e destaca uma das principais características que nos define: a capacidade de nos adaptarmos à realidade que se apresenta. Perante uma adversidade - talvez um eufemismo para a pandemia – a postura de quem quer ir além do óbvio e de quem quer vencer é a perseverança. Perante os desafios, a postura é construir e não cruzar os braços à espera que a tempestade passe. Transportando para o mundo da comunicação, rapidamente se percebe o que aconteceu às grandes empresas. A maioria encarou a realidade de frente, adaptou-se à mudança e reinventou-se. O que nos leva ao ponto seguinte.
 
2.“O maior inimigo da criatividade é o bom senso”
Pablo Picasso sabia o que dizia e nem sempre o bom senso dita o melhor caminho, quando se fala de comunicação. Quando uma empresa se reinventa precisa de muita criatividade. Na verdade, a própria adversidade obriga a mais criatividade. E muitas vezes é preciso ser ousado, é necessário adaptar a mensagem à nova realidade e sobretudo transformar as fraquezas em forças. “Reinventar” talvez tenha sido a palavra de ordem das empresas que não baixaram os braços. Pode-se contornar a adversidade com a criatividade. Muitas tiveram mesmo de redirecionar radicalmente o foco, com soluções novas, muitas vezes opostas ou simplesmente diferentes das que tinham, para chegar a quem lhes interessa.
 
3.”O cliente tem sempre razão”
Esta frase é provavelmente… do cliente! Ou seja, de todos nós enquanto consumidores. Quem interessa às empresas são no fundo os seus clientes.
E os seus clientes (atuais e futuros) reconhecem quem lhes dá atenção e quem se preocupa em chegar a eles. Por isso, é justamente o tempo de ouvir o que as pessoas precisam e de preencher na perfeição as suas necessidades. O foco, mais do que nunca, deve estar nas pessoas, em como se pode chegar a elas e em última instância como se pode ajudá-las.
Solidariedade, responsabilidade social, trabalho voluntário, campanhas para quem mais precisa foram algumas soluções de algumas empresas, que servem de bons exemplos.
 
No fundo, tudo se resume a uma frase: é importante que em tempos de crise as empresas saibam adaptar-se à mudança, com criatividade focada no cliente.