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O mundo da comunicação em constante mudança

Mercado de trabalho e as verdades de La Palice

19 de Novembro de 2020André Pereira

Chegar ao mercado de trabalho é um desafio, na maioria das vezes, difícil de superar. O mundo académico dá-nos muitas respostas, mas continua a falhar a uma pergunta fundamental para o jovem estudante: o que vou encontrar no mundo profissional? 

A culpa, neste caso, não morre sozinha. Bem pelo contrário. Tem de ser repartida em várias partes – pelo menos três. 

Primeiro responsável: a Universidade. Na área da Comunicação - salvo raríssimas exceções –, a Academia não prepara o estudante para o que vai encontrar. Vinte anos de experiência profissional, com centenas de exemplos de jovens estagiários, permitem-me afirmar isto com uma elevadíssima certeza. Os dedos de uma mão chegam para lembrar aqueles que se mostraram imediatamente capazes. Com esforço, recorro às duas mãos. 

A Universidade não prepara o estudante para comunicar profissionalmente – seja na horizontal ou na vertical -, nem ensina a falar ou escrever (a bem da verdade, nem tem de o fazer), nem consegue antecipar os níveis de exigência impostos pelo meio profissional ao mais alto nível.

Segundo responsável: o Estagiário. Chegar ao mercado de trabalho é um pouco como olhar para uma praia lotada, em pleno verão, e procurar um pedaço de areia para estender a toalha. Complicado.

Quem quer trabalhar em Comunicação tem de estar informado. Ponto. Esta frase é uma das grandes verdades de La Palice, mas também é uma das mais desconsideradas. Tal como na Academia, também aqui há exceções. Longa vida às exceções. 

Raro é o universitário que apresenta interesse pela informação tradicional, aquela que alimenta uma cidadania forte e esclarecida - entenda-se ler/ouvir notícias, opiniões (preferencialmente divergentes). Falta-lhes a chama de procurar conhecimento. Isso, infelizmente, não se aprende na Academia, nem no mundo profissional.

Por fim, o terceiro responsável: as empresas. O ritmo, tantas vezes frenético, que a comunicação exige, fazem delas verdadeiras máquinas trituradoras. Se, há 20 anos, era complicado, mas não impossível, acompanhar-se e formar-se um estagiário, hoje revela-se uma missão bastante mais difícil, até pela escassez de recursos, um deles essencial: tempo!

A solução para esta equação tripartida é simples: basta olhar para cada uma das diferentes variáveis e resolvê-las. La Palice, não diria melhor!